sexta-feira, 15 de abril de 2011

O ADEUS - IV capitulo de Asas de Deus


 IV CAPITULO

Ainda de madrugada dirigiu-se para o velório. Muitos parentes vieram de longe, além de muitos vizinhos, amigos e conhecidos da faculdade. Homero demorou um pouco próximo ao caixão e foi para o quarto onde a mãe de Lúcia estava completamente desconsolada. Durante toda a manhã, um enorme número de pessoas passou pelo velório. Às 13:00 h saíam para o cemitério. Uma comoção geral acompanhou o enterro. Sob uma árvore o anjo observava tudo. Homero se distanciou um pouco para esconder as lágrimas que não paravam de cair. Queria ficar só. Sentou em uma lápide circundada de cerâmica. Percebeu que mais distante uma pequena garota e mais os dois coveiros enterrava a mãe dela. Eles terminaram o serviço, benzeram-se e caminharam para outro defunto que esperava na fila. Até depois de mortos os pobres enfrentam filas para despedir-se por completo do mundo, refletia Homero. Foram conversando sobre os ossos do ofício. A menina ficou soluçando reclamando a alguém a perda da progenitora. Homero decidiu se aproximar. A dor dela certamente devia ser maior que a sua.
- Porque Deus a levou? Eu preciso dela, Ele sabe que eu necessito! – desabafou a menina.
Homero pôs a mão em seu ombro em sinal de pêsames. Sentindo sua presença e confiança, ela continuou seu desabafo.
- Será essa a face de Deus?! Dá e depois tira sem nos consultar?! Acaso, somos marionetes em suas mãos?! Minha mãe sofreu vários dias no hospital; nos últimos dias estava tendo alucinações. Falava de um anjo que a consolava e cuidava. Antes de morrer disse que o anjo a tomou nos braços. Eu não vou conseguir viver sem minha mãe. Deus assim o quis; então, também decido querer ir para junto dela. - a menina de seus 13 anos mais ou menos falava com desesperança.
- Não é fácil reconhecer a face de Deus em momentos tão difíceis como este que você vive e que eu também vivo, ou seja, a perda de alguém que amamos e que, por sua vez, necessitamos que esteja perto de nós. Porém, os anjos talvez são os que nos guiam a reencontrar a face amorosa de Deus e a compreender a partida destes seres amados por nós. Pode ser que sua mãe tinha razão quando falou do anjo. Creio que estava mais preocupada com você que ficava neste mundo do que com ela que partia nos braços do anjo. Não se atordoe o coração; aguarde seu tempo e o anjo também a levará para bem pertinho dela. Não queira ir pulando para o céu, pois nada alcançará; e depois, vejo que não tem costas largas para suportar duas asas. - Homero arrancou um sorriso de seu rosto abatido. Mas nem ele mesmo acreditava no que estava dizendo. Essas ideias contrárias aos seus pensamentos devia ser compaixão pela dor da menina.
- Obrigada por suas palavras. Você tem razão! Preciso acreditar nas palavras de minha mãe. Ela sempre me ensinou a rezar ao anjo da guarda. Era como se ele fosse meu grande amigo e fiel guardião. Aprendi até a falar meus segredos para ele quando eu era criança. Quando mamãe apagava a luz eu me virava na cama e dizia que ainda bem que ele estava ali para me fazer companhia e proteger. Na verdade, até sinto, depois de sua partilha, que não nós estamos mais a sós; nossos anjos da guarda estão aqui com a gente. - realmente os arcanjos Rafael e Miguel velavam os dois.
- Você quer tomar um cafezinho com tapioca? - Homero convidou a menina.
- Quero! - a menina tinha fome.
- Então, vamos!
A presença de Homero restaurou a paz no coração da menina. Depois, Homero a apresentou a umas freiras que tinham um orfanato e estas a acolheram em sua residência.

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