sexta-feira, 31 de julho de 2015

A POESIA


AMAR É ENVELHECER JUNTOS


Primeira frase dita na conversa que tive com um casal. Amar é querer eternidade. Que seja para sempre. Mais ainda para quem almeja a vida conjugal, duas estradas criando ao longo do caminho ligações, pontes uma na outra.
Individualidade e comunhão. Assim se vê melhor o casal. Um trilho de trem e seus encontros com outros trilhos de uma estação a outra. Onde a partida é o encanto pelo outro; a chegada, o reencanto pela estrada percorrida.
Amar é necessário ir além de todas as coisas, só se ocupando dos dois, do querer envelhecer ao lado do amado, da amada. Escutei de um amigo ao perguntar a um casal que completara 60 anos de casados qual o segredo para tanto tempo, eles responderam, o segredo é não se separar. Ou seja, não permitir que o trem descarrilhe; para isso é necessário cuidar do desejo de querer envelhecer ao lado de quem se ama. 
Amar até o fim. Quantos exemplos de envelhecimentos juntos. Frutos da intimidade guardada, desejada um dia ser degustada, como o vinho que se guarda. Só é possível envelhecer juntos quando se guarda o vinho produzido no encontro, a uva amassada, extraída a essência. Guardar com carinho o outro, uva que o desejo quis vinho. 

Oliveira Sousa 


AMOR À SOMBRA



Ver-te como Mistério
Nunca alcançar-te
Mas ter-te tão perto
Por isso sei o amor

Não cabes no mapa
Milimétrico da estrada
De minha posse
Por isso sei o amor

Se por um poro 
Beijo o orgasmo
Noutro orifício
Amargo a dor
Por isso sei o amor

Então, a vida era ter-te
Desde as extremidades
Às minuciosidades
Era projeto em vão
Por isso sei o amor

Sinto tuas lanternas
Iluminando-me
E minhas tochas em ti
Luz de cada um
Nas trevas de todos nós
Por isso sei o amor. 


Oliveira Sousa 


segunda-feira, 27 de julho de 2015

PASSO SEGUINTE...



Siga, não ligue para os caminhos outros, siga
Ainda estranho para você, siga, os passos
Mais belo é o passo seguinte, mesmo desconhecido
Para poucos o outro lado, os mistérios do amanhã
Amor, se já disse, é todo dia a dádiva de repeti-la
Mas encontrá-lo só aos destemidos de querer gastar-se
Siga, tirando as poeiras do sapato, do respirar tão teu. 

Oliveira Sousa