quinta-feira, 29 de setembro de 2011

EU E AS LETRAS






Cada dia as letras estão ficando mais chatas.
Agora, deram para me pedir mais trato fino.
Insisto com elas em não ser tão formalista.
Mas, concordem, amor é uma coisa séria.
Mesmo chateado com tamanha exigência,
Não consigo não render-me a seus pedidos.
Porém, que não abusem, pois já ouvi por aí
que todo poeta é um bom fingidor.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

DAS METRÓPOLES E SUAS ESQUINAS I






Não me pediu nada o pobre rapaz que só mendigava algumas palavras. A mania de crer que sempre precisamos de uma estratégia de aproximação me fez comprar um pedaço de pão,  especificamente, um hambúrguer para tentar garantir sua atenção. Não que tenha dado certo, mas ele aceitou consciente de minha idiotice.
-Tudo beleza?!
-Tá bacana.
-Eu vi você aí.
-Eu também te vi.
-Tá precisando de algo?
-Pelo que parece o senhor já veio com a sua resposta.
-Não sabia como me aproximar.
-E por acaso sou estranho ou perigoso a essa ponto?
-Há condicionamentos culturais que me fazem agir assim!
-Então, não sou eu quem precisa de atenção.
Leve suas palavras de compaixão; fico com o hambúrguer, me serve mais.
- Beleza. Tenho vergonha da raça humana.
- ótimo. Eu tenho vergonha dos olhares humanos.
- Temos algo comum.
- Não. Se assim fosse, ao menos eu teria mais dignidade.
- Tá bem. Lute tentando não ser o humano medíocre que somos.
- Tá bem. Lute o senhor tentando ser o humano que sonho todas as noites.
Pelo jeito eu e ele mendigávamos um pouco de humanidade. 


BEBER DA VIDA

terça-feira, 27 de setembro de 2011

À MI'A ALMA VI






Teu amor não sai de mim
Envolve alma plenamente
O espírito se deixa amar
Não ter limites na entrega
Tu, meu Deus, me consome 


INSISTIR


Invadiu o quarto pela janela. Não tinha nada a ver com seu ambiente: a natureza. Inicialmente, não me movi. Depois o afugentei com a imposição de meu corpo; ele saiu, mas logo voltou. Novamente, o reprimi, dessa vez mais enérgico com o meu tom de voz agressivo. Ele voou e eu pensei que tinha se dado por vencido, mas num voo rasante e decidido entrou e levou consigo o pequeno raminho de arruda que guardava comigo na mesa de cabeceira.
Perdi o raminho de arruda, mas encontrei algo valioso nessa cena que foi a coragem de não desistir daquilo que busco. Antes que outro pássaro queira aproveitar-se de minha nobreza, vou ali fechar a janela.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O POETA E AS LETRAS

À MINHA ALMA - III

(III)










Escreve tua história
Não co’ letras alheias
Nem por cima de rabiscos
Escreve tua história
Co’ letras do íntimo
Traços de tua alma
Vai se cruzar na estrada
Com outras Linguagens
Mas sempre será única
Tua história.