quarta-feira, 8 de junho de 2011

MEMÓRIAS...




Sentei na grama ali na varanda e fiz companhia aos seres da noite. Tinha feito café para não me sentir sozinho. Entre um gole e outro as memórias do dia, da semana... do ventre rebobinavam-se em minhas entranhas. Não há como escapar do silêncio da noite. Estrelas, Lua, insetos e o vento nada diziam ou gesticulava e, apesar disso, eu sentia tudo como que totalmente presente em meu íntimo dialogando com as memórias.
A vida acontecia naquele punhado de espaço e fagulha de tempo. As memórias de minha pouca existência se mesclavam à dinâmica daqueles seres que se hospedaram em minhas lembranças. A infância veio brincalhona, a adolescência com seus êxtases e angústia e a juventude acenava com seus sonhos e agora, a vida adulta tentava me cobrar alguma conduta como se fosse prestação de contas de tudo que se passou.
Porém, memória é seta e não juiz. E mais ainda: memória que se veste de sentimento de culpa se torna um capataz pronto para degolar-nos com nossa anuência por merecimento de nossos feitos. Quando nos sentimos encurralados, a memória nos conduz, de alguma forma, à pergunta pelo sentido que queremos dar ao nosso existir. Outras vezes, ela não passa de gratidão pelo encanto de ter vivido tantas coisas belas.
Despedi-me dos seres da noite. Não sabia exatamente o que deveria ser minha existência, mas tinha clareza de que qualquer ser sem memórias era como um corpo sem alma.  

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