segunda-feira, 2 de maio de 2011

MARCAS EM MIM




As tonalidades da realidade mais me doem que encantam. Ferem as alegrias e a esperança. Tentam destruir as lindas embalagens de minhas utopias e crenças. Apesar de tudo isso eu não recuo ou destoo o meu canto cheio de esperança.
Há marcas cinzentas que escondem o brilho do sol às retinas de meus olhares; no entanto, apego-me com firmeza nas lembranças do calor dos raios solares nas retinas de minha alma. Aliás, não são somente lembranças em si. São vivências epidérmicas.
Há marcas escuras que confundem meus passos deixando-me na solidão da noite. Não me entrego à escuridão do ambiente. Creio nas luzes internas da alma que me conduzem nas trevas do caminho. Piso no chão desconhecido com medo, mas interiormente convincente de que não me perderei na névoa.
Há dores que pesam nos olhares. Feridas que descaracterizam a face; depredam as cores da alma; deixam o espírito cabisbaixo, sem força para mover-se. Ficamos encolhidos num beco em companhia de nossos sentimentos suicidas. Pensamos em tudo, menos naquilo de bom que podemos ser. Olhamos ao redor e só vemos fogo e trevas. Escapam de nosso horizonte a folhagem verde, os brotos, flores da primavera... Mas o que fazer se é isso que reveste isso que agora sinto, sou?! Resmunga nossa angústia.   
O formato e as marcas das cores cinzentas, escuras, as dores e feridas não mudam o sonho que se sonha em mim. É aqui onde devo me refugiar sempre que atormentado pela bandeira contemporânea da dor e da angústia.
       Viver é se mover dentro do vendaval de incertezas que nos causam a sociedade, convictos de que dentro de mim há belezas intocáveis; nas tonalidades da realidade que me afetam há marcas de mim, mas não há todas as cores de minha essência.

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