sábado, 23 de abril de 2011

O HOMEM DA CRUZ





Fazia frio. A madrugada daquele sábado tinha avançado vagarosamente. Estava sentado na pedra de onde pastoreava as ovelhas que se alimentavam na colina abaixo. Uma árvore frondosa erguia-se ao lado da pedra e as estrelas se esquivavam entre as folhagens com seu ar reluzente e fascinante. O pastor mantinha-se vigilante, enquanto degustava seu café.
Percebeu que ao longe alguém se aproximava. Não podia ser ladrão, pois se fosse não ficaria tão à vista. Deve ser algum peregrino ou outro pastor. Pensava. O homem aproximou-se, fez saudação e pediu para sentar-se junto à pedra. Assentiu com a cabeça. O pastor perguntou de onde vinha. Ele respondeu que vinha de outra pedra maior que aquela que eles estavam sentados. Sorriram. Entendeu que era outro pastor.
O homem que veio de longe perguntou se ele soube da turbulência ocorrida na cidade. Ele respondeu que não, pois passara o dia pelo campo cuidando das ovelhas. Para não dizer que não sabia de nada, ele ouviu falar dum certo homem, impostor, que se dizia Deus. Só um bom pastor não abandona suas ovelhas e permanece em vigia ao longo da noite para que se sintam seguras como aquelas que eu vejo lá embaixo, tranqüilas, pastando. Confiam piamente nos olhares atentos de seu pastor. Disse convincente o homem. O pastor escutou atentamente as palavras do estranho.
Ficaram em silêncio contemplando as estrelas que escorregaram pelas frestas das copas da árvore e caíram em seu colo. O pastor estava refletindo as palavras do homem e rompeu o silêncio. O que fazia na outra pedra de onde vens? - quis saber o pastor, pois se falou tão convincente do cuidado, porque as teria deixado sozinhas. O homem permaneceu outro tempo em silêncio, contemplando e refletindo as palavras do pastor. Sabia que a pergunta tinha sido profunda. Mas tinha plena confiança que chegara á plenitude de seu cuidado para com o rebanho que lhe fora confiado.
Uma estrela candente rompeu o céu. O pastor ofereceu café ao homem. Agradeceu e aceitou, ainda que já estivesse tomado na casa de sua mãe antes de vir ao seu encontro. Ainda não me disse seu nome, disse curioso o pastor. O homem fez novo silêncio. Eu me chamo Jesus de Nazaré. Há três dias fui pregado numa cruz ao lado de outros dois ladrões. Vim ao mundo para dar testemunho do amor, trazer o verdadeiro caminho para se alcançar a Salvação. Quando falei que vim de outra pedra, referia-me à pedra do sepulcro. – o temor apoderou-se do pastor ao ver o corpo iluminado do homem, pois imaginava que era um fantasma.
O homem o acalmou. Disse que não tivesse medo, pois ele não era um fantasma. Era o homem que foi crucificado na cruz e tinha ressuscitado dentre os mortos para a Glória de Deus. Todo aquele que cresse nele toda perturbação o abandonaria e a paz reinaria no coração. Enfim, quem nele colocar a confiança a Salvação alcançaria. Jesus mostrou-lhe as mãos com os cravos e o lado aberto pela lança.
O pastor, cheio do Espírito Santo, que lhe  revelou a Glória de Jesus, tomou seu cajado e o pôs nas mãos de Jesus pedindo que este o abençoasse e fizesse dele um seguimento do homem da cruz, ressuscitado dentre os mortos para a Glória de Deus e para o alcance da Salvação de todo aquele que cresse. Após abençoá-lo, Jesus sumiu de sua vista, o homem, ainda pela madrugada, saiu a anunciar entre os seus a Ressurreição do Homem da Cruz, Jesus de Nazaré.

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