sexta-feira, 22 de abril de 2011

FALECE UM CIDADÃO




Era três da tarde quando faleceu na cruz um cidadão de Jerusalém. Fora morto por inveja e ódio de outros humanos. Caira um inocente sem vida. O madeiro suspende aquele que a sociedade não conseguira comprender, nem amar; na cruz, estão cravadas as desigualdades, egoísmos, individualismos de uma Humanidade com pulsações mecanizadas por insanos interesses. Na cruz morre o cidadão.

Era uma, duas, três…doze horas, quando faleceu José, Ana, Joaquim… Maria. Todos eram humanos como seus algozes. Foram mortos pela ignorância de seus semelhantes. Quanto mais se descobre do humano, capacidades e debilidades, curiosamente, mais o humano se desfigura; sem vida, os Josés e Marias caem a cada hora, inocentes. Morrem na cruz fabricada pelas mãos humanas.

Por mais que se torne um valor ter humanos caídos como se fossem folhas de outono, não consigo me convencer que seja um traço indélevel da natureza humana, sua própria destruição. O amor colocado como sentimento caduco, covardia diante da realidade que devo assumir em detrimento da sobrevivência de minhas carnes - um dia apodrecerão à vista de qualquer outro. Defronte o amor pregado na cruz, ainda assim continuará sendo minha bandeira, ainda que me custe o desabandono e a ignorância diante dos que pensam que o amor é apenas jogo de forças.

Não. O amor não é isso. O amor se configura no paradoxo da Cruz. Nela os Cristãos veem mais que morte. Veem a vida brotando da Cruz. Contemplam a plenitude do amor. Sentem o coração abrir-se numa explosão desse amor que só pode vir de Deus. Engana-se, quem pensa que a existencia se mede por forças. O amor é Mistério.

A vida é dom. Nasce do amor entregado na Cruz. Almejo que os olhares se acostumem a contemplar o amor que escorre do manancial da Cruz. Suplico que o coração não se prenda às vidas que caem a cada instante como realidade última, consequências do coração esquecido do amor e o respeito pelo outro; pedirei graça que o olhar não se despregue da Cruz que ensina o sentido verdadeiro de amar: Perdoar a ignorância dos que desconhecem o dom da vida e, acima de tudo, acreditar que um dia as pulsações humanas ganharão novos sabores diante do Cristo que resignifica a Morte na Cruz. Mistério. Amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário