segunda-feira, 7 de março de 2011

QUARESMA: TEMPO DE SE APAIXONAR!



Quem planta roseiras sonha encontrar-se face a face com a exuberância das pétalas que formam a rosa. Seu ser mantém-se ávido por esse encontro. Esse movimento do desejo o acompanha durante todo o trajeto, desde o primeiro impulso de preparar a terra até os primeiros brotos o surpreenderem no raiar do dia. O brilho de seus olhos contém a cor e os olores das pétalas. Quem planta roseiras foi antes conquistado pelo poder do amor que as rosas exercem sobre ele. É uma paixão que o arranca da cama, durante os dias de sol, ao longo da tarde, que o faz vigiar para evitar as pragas ou outros perigos que atente contra sua espera, ou seja, as cores e os olores das rosas.

Quaresma é esse tempo do desejo fazer o percurso de como fomos conquistados pelo poder do amor que Jesus Cristo exerce sobre nós. É tempo de perscrutar o que anda excitando o brilho de nossos olhares. Rever se ainda o preparo da terra e o crescer das plantas estão embebidos com a paixão pela espera dos frutos que antecede toda preparação e cuidado. Se não há mais desejo e nem espera para o jardineiro que cuida de suas roseiras é fato que as rosas não lhe darão o ar de seus encantos, e para ele só haverá como recompensa frustração e solidão. Da mesma forma, também para o Cristão se o seu desejo e a espera foram extintos.

Quaresma é Tempo de se apaixonar pelo Mistério Pascal. Desejar profundamente que todas as minhas intenções, ações e operações sejam puramente ordenadas ao serviço e louvor do Amor que arraiga o coração. Quem se apaixonou sabe que só a paixão nos tira de nós e nos põe todo inteiro no ser amado; sabe que seus estados de ânimo definem a intensidade e a qualidade do pulsar do coração. Por isso é tempo de deixar que sejamos tomados inteiramente pela força que se esconde e, ao mesmo tempo, se revela no Mistério Pascal. Dizer sim ao amor que se revela na contradição e na loucura da Cruz. Dizer não aos enganos de uma suposta razão que nos queira roubar o desejo e a espera que motiva o jardineiro.

O Jardineiro e a Quaresma. Para se ter rosas formosas, a terra precisa ter recebido todos os cuidados necessários de seu Jardineiro. Ele necessita ter levado na memória o desejo do encontro, o contorno das pétalas, a fragrância que entranhava seu olfato, tudo isso em cada poro de seu ser. Para se chegar à Páscoa da Ressurreição, o coração precisa ter recebido todos os cuidados necessários na Quaresma. Ele necessita ter levado na memória a imagem de Deus, cheio de bondade e misericórdia, a Encarnação como prova de pôr os pés no caminhar de nossas pisadas, a Vida e a Morte de Jesus Cristo como sinal de seu Kenosis, esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz (Fl 2,7).

Tempo de se apaixonar pelo Mistério Pascal. Volver o olhar para Deus e sorrir, chorar, cantar, refletir, compreender quão maravilhoso são seus mistérios revelados em Jesus Cristo. Quem percebe e se encanta com a essência em toda rosa que desabrocha, certamente,  em suas mãos e nos olhares já haviam sinais de degustação dessa realidade que era apenas desejo e espera.

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